sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Como vencer o sedentarismo?

Nos dias de hoje, qual é o grande vilão que provoca o aumento das doenças cardiovasculares, respiratórias e reumáticas? A resposta está ligada ao estilo de vida adotado pelas sociedades modernas; sejam elas ricas ou em desenvolvimento. Manter-se ativo é, para a sociedade moderna, sair de casa — de carro, é claro! Na prática, quem põe a saúde em risco são os nossos maus hábitos. É aí que entra o sedentarismo.
E o que vem a ser sedentarismo? É melhor utilizar um exemplo prático. Cada vez que entramos em um automóvel para ir a um supermercado a duas quadras de casa, ou quando utilizamos o elevador para subir um lance de escada estamos nos entregando ao sedentarismo, que é a ausência de atividades físicas. Com esses pequenos hábitos diários comprometemos a nossa saúde, favorecemos o surgimento de doenças cardiovasculares e nos tornamos responsáveis pela nossa perda de qualidade de vida.
A falta de segurança, a precariedade das vias públicas, as dores, a pressa, a violência… Sempre achamos uma desculpa, apesar de sabermos que o que está em jogo é a nossa saúde. E o que fazermos para nos tornar mais ativos e vencermos esse mal moderno — o sedentarismo? Há alguns anos tenho defendido a caminhada como aliada da boa saúde. E continuo achando que esse é um bom caminho, embora não seja o único. A mudança de hábitos, a coragem de alterar a rotina é um excelente começo, além de lembrar (sempre) que qualquer gasto de energia de maneira física é um combate ao sedentarismo.
Pesquisas científicas recentes sobre prevenção de doenças associam o conceito da longevidade saudável à alimentação balanceada, abolição do cigarro e de bebidas alcoólicas e prática regular de exercícios físicos. A simples mudança no estilo de vida, aliada aos avanços da medicina, está ligada à fórmula da vida longa e melhor. Podemos dizer que é resultado da seguinte equação: herança genética + hábitos saudáveis = mais saúde.
Estudo divulgado recentemente pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) mostrou que metade dos brasileiros não pratica nenhuma atividade física, transformando assim o sedentarismo em uma das principais causas das 300 mil mortes anuais por doenças cardíacas no país. A análise desse estudo comprova que o sedentarismo, associado a uma dieta inadequada, é a maior causa de doenças cardiovasculares no Brasil. Realizado com 2.012 pessoas entrevistadas com idades entre 18 e 70 anos, o estudo apontou que, na faixa entre 18 e 24 anos, 39% das pessoas não fazem atividades físicas; entre 25 e 44 anos, o percentual sobe para 50%, enquanto que entre 45 e 59 anos chega a 53%. Entre os indivíduos que têm entre 60 e 70 anos, a taxa de inatividade chega a 57%. Os Estados Unidos, por exemplo, têm uma taxa de sedentarismo de 60%, enquanto a Finlândia, apresenta uma taxa de apenas 8%.
Algumas dicas básicas para o início de um novo estilo de vida:
1. Se possível, deixe o carro em casa quando for ao supermercado, padaria, casa de amigos, etc. Se não der, estacione o carro mais distante para que possa caminhar até o endereço. Mesmo em grandes estacionamentos — supermercados, por exemplo — é possível parar o carro mais longe da entrada e fazer, assim, uma caminhada curta.
2. Você precisa, mesmo, de controle remoto? Levante, um pouco, para mudar de canal. Enquanto assiste ao seu programa predileto, por que não fazer pequenos exercícios, alongamentos ou bicicleta?
3. Suba escadas!!! Se você mora no 8º andar, por exemplo, vá de elevador até o 5º andar e complete o percurso com as escadas. Para descer, você não vai precisar do elevador, não é?
4. Se você trabalha fora, na hora do almoço procure sempre uma boa opção, mas que seja um pouco mais distante do escritório.
5. Se você gosta de animais e tem espaço adequado para ter um cachorro, adote um! Ele irá obrigá-lo a dar uma voltinha sempre que necessário.

*O Dr. Fabio Ravaglia é ortopedista, formado pela Unifesp, com especialização em Ortopedia Reumatológica no Royal College of Surgeons of England e presidente presidente do Instituto Ortopedia & Saúde (www.ortopediaesaude.org.br).

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